Alimentação e SAÚDE MENTAL, Estão relacionados?

Sim, intimamente! Caro(a) leitor(a), este é um assunto que, muitas vezes, é negligenciado não sendo dada a devida importância aos sinais iniciais. Como profissional da área da saúde e mais concretamente da nutrição, ao falar com tanta gente, apercebo-me que a maioria das pessoas não tem noção do quão embrenhada a alimentação pode estar, literalmente, no seu mais profundo eu, que neste caso se traduz por DNA, cérebro, músculos e consequentemente na nossa forma de estar e pensar!
Já todos nós sabemos que “somos o que comemos”, mas na verdade, não nos apercebemos do quão profunda esta frase é e do seu verdadeiro impacto. Passo a explicar, quando faz determinada escolha de alimentos e os ingere, há todo um processo que acontece no nosso organismo para que resulte no seu produto final (normalmente energia). Este processo poderá ser mais ou menos benéfico consoante o tipo de alimento que escolheu e até a forma de cozinhar. Falando em exemplos práticos, sabia que ao escolher alimentos provenientes de agriculturas de cultivo intensivo o uso de agrotóxicos ou mais comummente falando, pesticidas, têm repercussões graves na saúde mental do consumidor?
Estudos relacionados com piretróides (um composto químico usado em agrotóxicos com uso no algodão, café, arroz e soja por exemplo) são estimulantes do sistema nervoso central e responsáveis pelo rompimento de axónios (zona do neurónio que conduz o impulso nervoso)? E o que é o neurónio? Bem, de uma forma muito simplista, é a célula nervosa que se encarrega de levar a mensagem do cérebro às diferentes partes do corpo.
E falar em saúde mental, é só falar em doenças degenerativas e/ou neurológicas? Não! O chumbo por exemplo, é um metal pesado/tóxico, presente nos fertilizantes que pode originar cefaleias (dores de cabeça), irritabilidade e até delírios. O mercúrio, outro metal tóxico presente em fungicidas, pode causar alterações psicológicas como memória, insónias, instabilidade emocional e até perda de apetite.
O Manganês, mais um metal tóxico, também presente em fertilizantes e fungicidas está ligado ao Parkinson.
E se pensa que aposta será apenas nos alimentos, pense duas vezes! Actos simples do dia-a-dia fazem a diferença na sua saúde mental. O alumínio presente nas panelas e utensílios de cozinha que utiliza para cozinhar os seus alimentos, é outro metal tóxico que promove a acumulação de uma proteína específica que está associada à doença de Alzheimer.
Assim sendo e com tantas fontes de toxinas que afectam a saúde mental, de que modo a alimentação pode ser benéfica para a sua saúde mental?
Antes de mais, é importante explicar que o organismo faz naturalmente o processo de desintoxicação. Isto é, o próprio organismo tenta eliminar estas toxinas. Contudo, existem alimentos que auxiliam a função de desintoxicação do organismo. Alimentos como o agrião, brócolos, couve-chinesa, couve-flor, mostarda, nabo têm esta função, mas requerem alguns cuidados no que respeita ao preparo e mesmo à forma de os ingerir. Ou seja, se quer ter todo o potencial modulador de desintoxicação destes alimentos, mastigar bem é essencial para que as propriedades certas se activem, bem como ingeri-los preferencialmente crus e se necessário cozer, o ideal será não passar os dois minutos de cozedura.
Outros alimentos moduladores da desintoxicação contemplam a alcachofra, o figo da Índia, cúrcuma, gel de Aloe-Vera, alho, limão ou ainda extracto de própolis que actua sobre a toxicidade do fígado.
As especiarias são também fortes aliadas no processo de desintoxicação destacando as mais desintoxicantes: pimenta preta, canela, caril, sementes de mostarda, curcuma, alecrim, cominho, gengibre, paprika, sálvia e coentros.
Agora que já conhece os alimentos necessários para tornar a desintoxicação do seu organismo mais eficaz, de forma a melhorar e a prevenir possíveis problemas ao nível da sua saúde mental, será importante esclarecer que esta desintoxicação começa por evitar a exposição a estes metais tóxicos. Desta forma, retomo os conselhos descritos no início deste artigo, onde é destacada a importância de comprar alimentos de origem biológica. Ao comprar estes alimentos, onde o uso de pesticidas é reduzido ou nulo, a sua “tarefa” não termina. Não usar panelas de alumínio ou desodorizantes ricos neste metal é mais um exemplo.
E porquê ter todo este cuidado? Bem, além do já explicado que me parece importante o suficiente, especialmente nestes tempos de pandemia, ter uma preocupação com a saúde mental é essencial uma vez que, alguns (e não poucos) factores para uma boa gestão emocional e de stress nos foram privados. Ficar forçado a permanecer entre quatro paredes a maior parte do tempo, não tem contribuído para a saúde mental dos portugueses. Assim, como tudo no nosso organismo, a alimentação está intimamente ligada à saúde mental. Contudo, sendo esta uma relação de dois sentidos, lembre-se também de reservar um tempinho diariamente para uma boa meditação, leitura, exercício físico ou até apenas relaxamento.

Siga estes conselhos, desintoxique o corpo e a mente (literalmente), tenha bons pensamentos e seja FELIZ.

A autora não usa o acordo ortográfico.

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